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Não vai resolver só com canetada de taxas e impostos. A solução apresentada pelo governo federal para conter a chamada “inflação dos alimentos” se resumiu a reduzir taxas de importação de produtos agrícolas, que nós não compramos porque somos os maiores produtores, e pedir aos governadores que reduzam ICMS da cesta básica. Remédio amargo e pouco eficaz conforme avaliações do setor produtivo e de economistas. Dá a impressão de serem tão somente medidas paliativas para conter a queda de popularidade do governo, já bem comprometida.
Mais uma vez, a culpa é dos outros e não da própria condução da política econômica e que parece mais criminalizar quem trabalha e produz do que alcançar o objetivo nobre de oferecer comida mais barata aos brasileiros.
O pacote de medidas anunciado não apresenta uma conta que assegure o tamanho da renúncia de ICMS, da renúncia das taxas de importação e o efeito esperado nos preços dos principais produtos.
Os remédios amargos resultam de um diagnóstico equivocado da subida dos preços. Os alimentos sofrem uma inflação acumulada desde a pandemia, combinado a quebras de safras com seca em diversas áreas produtoras e, mais importante, uma política cambial que aumenta os custos de produção dos insumos e fertilizantes importados e compromete a rentabilidade do produtor. O ajuste fiscal esperado para as contas públicas, com juros mais baixos e menos pressão inflacionária, também não veio. Portanto, ninguém saiu lucrando.
Daqui em diante, começa a colheita das próximas safras de grãos e o mercado será inundado com nossa produção. A oferta pressionará o preço para baixo. Portanto, tais medidas sinalizam que o produtor rural é o culpado pela inflação. Mas não é.
Aqui em São Paulo, por exemplo, já zeramos o ICMS para produtos da cesta básica e dentro da política de incentivo à produção foram renovados benefícios fiscais para setores estratégicos da economia paulista. Com isto, criamos um ciclo virtuoso de desenvolvimento e geração de renda. Além disto, a solução para conter a inflação de alimentos passa antes pelas medidas de ajuste fiscal que o governo federal não consegue implementar. Passa também por um Plano Safra robusto, com a garantia de crédito e seguro para que os homens e mulheres do campo possam trabalhar em paz. O governo já ajuda quando não faz nada para atrapalhar, mas quando ele insiste em fazer algo, ele pode piorar. Ao que tudo indica este foi o caso agora.
Guilherme Piai é Secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, é produtor rural.